quarta-feira, abril 25, 2007

Fanatismo


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida

Meus olhos andam cegos de te ver!

Não és sequer a razão do meu viver,

Pois que tu és já toda a minha vida!


Não vejo nada assim enlouquecida...

Passo no mundo, meu Amor, a ler

No misterioso livro do teu ser

A mesma história tantas vezes lida!


«Tudo no mundo é frágil, tudo passa...»

Quando me dizem isto, toda a graça

Duma boca divina fala em mim!


E, olhos postos em ti, digo de rastros:

«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,

Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»



Florbela Espanca

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