quarta-feira, abril 25, 2007

Lost moments


Olhei e recordei momentos, será assim tão linear? Será porque tem de ser? Será porque ambos quisemos assim? Será que existe realmente alguém por trás que te disse baixinho: “deixa ir?”

Lamento, lamento tudo o que perdeste, lamento essencialmente porque vives em mim, porque és parte de mim. Porquê que ages assim? Não entendes? Eu não quero, eu não te quero perdido, eu não te quero fora daqui, eu não te quero assim, nem tão pouco desamparado, quero-te sim, aqui comigo. Para que juntos reintegremos todos os recortes de uma folha de papel que um dia foi, que já não é.

De quem é a culpa? É minha? É tua? É nossa? Fácil é dizer que é tua, que tudo o que escolhi em ti desapareceu, que os teus olhos não têm o fulgor de antes, agora já não arrebatam um mundo inteiro, agora não são portadores daquela força, daquela convicção, que o teu sorriso já não é aquele que me erguia a alma para lugares nunca antes alcançados. Fácil é dizer, que tudo pelo qual me esforcei se evaporou, queres assim? Vai! Agora, só me fazes mal. Vai porque eu quero que vás, amassas-te a folha, de toda uma amizade em conjunto, atiraste-a ao ar e à qual a força da gravidade acabou por pôr termo, no chão…suja… rasgada.

Já não existe aquela mão que segura na folha com o maior dos cuidados, que cola todos os pedacinhos, que se emociona com tudo, com cada rasgo daquele papel, que o torna LINDO, quando ele realmente não o é, acabou, acabou o folha BRANCA, acabou tudo o que a esconde, extinguiste toda a força que tinha em mim por ti, e agora? Agora o vento arrasta-me de mansinho, diz:” vai, vai porque de nada servirá, porque a folha que outrora era branca, hoje é negra como breu, hoje a cola mostrou-se, hoje essa mesma cola foi o sinal do teu esforço permanente”. Magoa-me olhar para trás, magoa-me ver que tudo o que era já não é, que tudo o que te dei talvez ainda viva, mas tudo o que me deste já não vive, não vive porque…porque sim. Hoje dar-te-ia tudo igual. Sabes uma coisa? Continuas a fazer parte de mim, talvez não pelos motivos mais certos, talvez não pelos motivos que quereria, mas porque pessoas, pessoas como tu não se esquecem! As pessoas como tu vivem eternamente, num lugar ao que os mais cépticos chamam coração e ao que eu gosto de chamar “o tudo, a que um dia nos proporcionámos”.

Ema Alves.

17/10/2005

“ Para ninguém em especial, para alguém especial.”

Gipoli


Gipoli é enorme,

de fulgor nunca visto!

Nem que me transforme,

vou poder mudar isto!


Trazer marcas comigo.

Mudar a vida, o papel.

Escrever-te contigo,

nas calhas de um carrocel!



Roda, roda, vira, vira!

Faz de mim confusão!

De mim tudo o que tira,

é à morte viva, dizer não.


Vamos sofrer, chalacear.

Ir aos extremos!

Posso tudo dar…

Diz-me que amaremos?


Consome-me a alma

Até ao auge já eu vi!

Que se vá lá a calma!

Só te quero a ti!



Ema Alves

22/01/2007

Fanatismo


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida

Meus olhos andam cegos de te ver!

Não és sequer a razão do meu viver,

Pois que tu és já toda a minha vida!


Não vejo nada assim enlouquecida...

Passo no mundo, meu Amor, a ler

No misterioso livro do teu ser

A mesma história tantas vezes lida!


«Tudo no mundo é frágil, tudo passa...»

Quando me dizem isto, toda a graça

Duma boca divina fala em mim!


E, olhos postos em ti, digo de rastros:

«Ah! Podem voar mundos, morrer astros,

Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...»



Florbela Espanca


É o quadro perfeito.

Aquele relevo de emoções!

Cá estão todos os defeitos,

dadas todas as satisfações!


Deparei-me contigo

no auge da descrença,

Onde estou eu comigo?

Fazes com que me esqueça!


O calor, insinua amor.

Este dito, é para sempre!

Traçarei nuvens de condor.

Quem to diz não mente.


Quando precisares alerta,

Tenho algo a te dar.

Algo tão, tão pateta!

Tudo o que quero é amar!


Amar para ali, lá, cá!

Tocar, beijar. Ter-te.

Sentir-te acolá.

Querer? É querer-te!



É um quadro perfeito…




Ema Alves