segunda-feira, maio 14, 2007

Vale a pena


É fácil quando a universalidade corre bem. Dei por mim em caminhos menos próprios. Em veredas consumistas. Retiravam a cada passo meu, um pouco do ser que me constitui. Choveu sem cair uma única gota para alimentar a terra. Choveu torrencialmente. Atreveram-se os raios a atravessar os céus num guincho sufocante. Era uma obra fantástica, uma imensidão de sentimentos que se sentiam em todo aquele quadro pitoresco. Chocavam entre si. Abalroavam-se constantemente. Um “magoas-te alguém, a mim passou-me ao lado” ecoava por todos os lugares que merecem ser chamados disso mesmo. Lugares. Em todo aquele cosmos sentia-se o preço de nada “ter passado ao lado”. Lá naquele espaço, tomou-se consciência das consequências da sua entrega total. Do mostrar cada pétala, muro, escombro ou até mesmo insecto que ali se encontrava. Porque as coisas só têm piada quando são vividas no mínimo a dois. E a desilusão de ver desmascarada a pessoa a quem desvendaste isso tudo não deveria existir. Não deveria existir. Quem é capaz de ultrapassar tudo, até ás suas próprias autodefesas, em função de uma só pessoa, não deveria poder sentir isso. Mas pode.
Hoje só quero dizer-te que hão-de existir sempre existir bons ou maus momentos, mas em cada um deles eu vou amar-te incessantemente.
Vale a pena dar-te tudo!

Guylian


E com uma melosa carícia ofereces-me um guylian. De tonalidade negra, castanha, branca. Vagueamos pelas cores. Descortinámos o sabor de cada pigmentação. Mergulhamos no adocicar da boca um do outro. Um salpicar aqui, um polvilhar ali e nutri-me da tua bochecha. Chalaceamos que nem loucos. O meu sorriso descobriu o teu. Mais do que isso, o meu sorriso garantiu o teu. O teu? Amparou o meu. Durante horas a fio o sussurrar dos nossos risos fizeram eco naquelas escadas, agora, mais pomposas que nunca. O sussurrar. O sussurrar. O sussurrar.

Pairamos na sensualidade do momento. Tocar. Abranger. Afagar. Agarrar. Circunscrever. Espremer. Proteger. Acarinhar. Embalar. Encantar. Seja eu tão tua como tu és meu! Um ejacular de emoções.

Tomara sentir para sempre esse teu soprar lento. Esse soprar. Esse soprar que me humedece o ouvido, que me arrepia, que me faz abalar até aos confins do mundo e voltar por fim, só para te poder amar, como se fosse incessantemente a primeira vez. Só para que me faças como em tantas outras vezes ver o auge da existência só num olhar. Só para te desenhar de novo na minha alma na qual já estás, naturalmente intrínseco. Só para que me mimes o espírito até ao ponto em que este, não mais se ousará elevar, rejubilando de alegria. Rejubilando.